Caros Amigos,
O primeiro dia do ano é propício a reflexões e aspirações. Neste tempo de pessimismo crescente, decidi substituir o habitual postal de boas festas por um contributo para o desenvolvimento do meu país.
A crise financeira grega de há ano e meio atrás evidenciou não um problema de um país, mas sim o princípio do fim do modelo europeu de desenvolvimento económico baseado em alavancagem financeira tripartida (estado, empresas e famílias) e acompanhado de elevada protecção social. A avalanche a que assistimos das dívidas nacionais do Velho Continente, a falta de um rumo europeu e algumas preocupantes declarações xenófobas, levam-nos a pensar em cenários que podem – no limite – conduzir à maior das catástrofes: a guerra. A nível mundial, o desequilíbrio económico gritante e o fosso de qualidade de vida entre os mil milhões mais ricos e os restantes seis podem bem levar-nos a um choque de civilizações de consequências inimagináveis.
Portugal é uma economia pequena e aberta onde o choque de forças descrito acima é um factor completamente exógeno. Resta-nos ter esperança que as mudanças – inevitáveis – conduzam, em vez da catástrofe, a uma Europa mais unida e a uma nova fase de desenvolvimento económico regional e mundial. Neste cenário optimista, resta-nos a nós, portugueses, fazer as alterações estruturais há muito necessárias e tornadas evidentes pela Troika. Porém, acima de tudo, há que encontrar e lutar por uma visão que maximize a nossa felicidade. Está provado que, tanto a nível individual como colectivo, a visualização do “sucesso” é o maior motivador para estabelecer e implementar um plano de desenvolvimento eficaz. Na minha opinião, é esta a pergunta a que não temos sabido responder há dezenas de anos: “Que país queremos ser?”. Em linguagem económica, qual a nossa USP (Unique Selling Proposition)?
Tenho um sonho! Um dia, Portugal será um “cais do mundo”, um nó relevante na rede da globalização.
Num mundo em crescente globalização, formam-se redes formais e informais que passaram a constituir as unidades centrais da competitividade e do poder, bem para além das fronteiras terrestres ou marítimas. Nesta segunda década do século XXI tornou-se evidente que estas redes de pessoas, bens, capital e conhecimento são a base e o sustentáculo da globalização. Portugal deve olhar para este fenómeno da globalização como algo positivo e uma alavanca de crescimento. A mudança do poder dos centros pré-determinados do século XX para estas redes deve ser vista por Portugal como uma oportunidade – traçando como meta estratégica de desenvolvimento tornar-se um dos nós fundamentais de todas estas redes.
Na área do talento, Portugal deve posicionar-se como um ponto de passagem obrigatório de profissionais de qualidade (promovendo “brain circulation”), capazes de deixar uma marca, bem como uma plataforma de interacção com a nossa diáspora. Na inovação, Portugal deve ambicionar ser um nó imprescindível para as empresas globais desenvolverem novas ofertas e posicionamentos. Em relação ao capital, Portugal deve criar as condições para ser um centro financeiro global (e.g. para o mundo latino). Culturalmente, Portugal deve optimizar o seu posicionamento nodal como língua falada em todos os continentes, capitalizando na capilaridade desta rede. Em termos do Estado (necessariamente minimalista), o objectivo para Portugal deve também ser de se focar na rede e não na centralização retrograda e que impede as oportunidades da globalização.
O posicionamento de Portugal como um nó essencial de diversas redes não depende de um “decreto”, mas sim do reconhecimento internacional das vantagens competitivas de uma determinada região e do seu povo. Portugal compete com os outros países, sendo medido e aferido contra esses países, progredindo e regredindo ao longo do tempo.
Tenho um sonho! Um dia, Portugal será um “cais do mundo” e aí a nossa geração poderá deixar à próxima um país melhor do que aquele que herdámos dos nossos pais. Trata-se de uma exigência geracional que não deveríamos esquecer neste primeiro dia do ano.
Feliz 2012!
Paulo Simões
Temos um sonho! Um dia, Portugal será um “cais do mundo”, um nó relevante na rede da globalização. Os Portugueses devem olhar para o fenómeno da globalização como uma oportunidade – traçando como meta estratégica de desenvolvimento tornar o país um dos nós fundamentais de todas as redes de pessoas, bens, capital e conhecimento. A nossa geração tem o dever de deixar à próxima um país melhor do que aquele que herdámos dos nossos pais. Trata-se de uma exigência geracional que não podemos esquecer.
Objectivo deste blog
O blog "Portugal, um cais do mundo" pretende responder à pergunta "Que país queremos ser?".
Os autores propõem-se contribuir para esta questão por três vias:
- Aprofundar - Discutir modelos de optimização do papel de Portugal nas redes da globalização.
- Implementar - Propor formas de concretizar o sonho "Portugal, um cais do mundo".
- Divulgar - Tornar o sonho visível em Portugal e promover o reconhecimento internacional.
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