Caros Amigos,
A Declaração de Independência dos
Estados Unidos da América de 1776 menciona que um dos direitos inalienáveis dos
cidadãos do novo país é a busca da Felicidade. Um dos seus subscritores,
Benjamin Franklin, concretizou que a Declaração só estabelece o direito do povo
perseguir a Felicidade, mas cada um terá de a buscar por si. Não deixa de ser
curioso que, aparentemente, nenhuma constituição ou carta magna europeia
mencione explicitamente a Felicidade como um direito e um sonho comum a
perseguir…
Neste contexto, volto a
substituir o tradicional postal de boas festas por um “sonho”, uma mensagem de
esperança para o meu país, bem como um contributo para o seu desenvolvimento.
Assim como o goleador de excepção consegue ver a bola já dentro da baliza no
momento anterior a marcar a grande penalidade, também um povo se motiva ao
visualizar o seu próprio “sucesso”. Que país queremos ser? – esta é a pergunta
chave a que colectivamente teremos de responder.
Tenho um sonho! O ano é dois mil
e vinte e quatro, Janeiro de 2024, e Portugal é um “cais do mundo” na rede da
globalização!
Após ter saído do país em 2015,
Maria regressou a Portugal atraída por um artigo no portal “Portugueses no
Mundo” de uma empresa que buscava uma profissional altamente qualificada com as
suas competências, algumas delas desenvolvidas durante o tempo que esteve fora.
Veio substituir Brian, um irlandês que se tinha enamorado pelo nosso clima, bem
como por uma série de incentivos, e que se instalou no nosso país por uns anos
antes de se mudar de novo. Uma política pública de “brain circulation”,
incluindo a atracção de talento estrangeiro, faz hoje parte activa dos
programas governamentais. Portugal, um “cais do mundo das pessoas”.
Desde o ano passado – 2023 – que
Lisboa ultrapassou Berlim como capital do empreendedorismo na Europa. Tal como
na época dos Descobrimentos, também na terceira década deste século a
multiculturalidade e um ambiente fértil à inovação convenceram Morten, um jovem
norueguês, e o seu sócio chinês Chen a lançar a segunda fase da sua empresa
gazela no nosso país, tirando partido dos nossos recursos de talento e
comunicações que tinham sido activamente promovidos no norte da Europa. O nosso
país evoluiu muito nos últimos 10 anos em termos de educação para a empregabilidade,
desviando o foco do sistema para se centrar no aluno e a vida activa. Portugal,
um “cais no mundo das ideias”.
Sines passou a ser o porto
mundial com maior taxa de crescimento, após a implementação de uma série de
medidas estratégicas destinadas a capitalizar o alargamento do Canal do Panamá,
dado que o porto da costa alentejana é o primeiro de águas profundas na Europa
à saída do canal. A concorrência com Roterdão pelo negócio de “transhipment” é
hoje uma realidade e representa uma forte aposta no mar. Também a empresa de
Joaquim se posicionou neste ecossistema, focando a antiga empresa de metalurgia
do pai para a exportação e tirando assim partido deste novo paradigma do sector
dos transportes. O nosso posicionamento geoestratégico é hoje usado activamente
como factor diferenciador empresarial e catalisador de exportações. Portugal,
um “cais do mundo dos bens”.
O nosso país está na moda entre
os investidores estrangeiros, após uma campanha bem sucedida de relações
públicas e marketing estratégico a nível global que se concentrou nos 10
indicadores chave utilizados pelos decisores internacionais das grandes
corporações. A alavancagem na rede qualificada da diáspora portuguesa ajudou
aqui também, conforme pode comprovar Beatriz que está a montar o décimo centro
de “nearshore” da sua empresa em Portugal. Também o belga Mark, CEO de uma
empresa de serviços global com 2000 pessoas e sede na Alemanha, escolheu o
nosso país para se instalar com a família, tirando partido de vantagens
fiscais, mas com isso criando 100 novos postos de trabalho locais qualificados.
Portugal, um “cais do mundo do investimento”.
No ano de dois mil e catorze,
Janeiro de 2014, a nossa geração tem de sonhar mais para além da resolução dos
actuais problemas financeiros. O imperativo do crescimento económico é o
desafio crucial que temos à nossa frente, naturalmente impulsionado pelo sector
privado, mas suportado por uma agenda pública / governamental robusta e
consequente. Este crescimento económico será sustentável se ancorado num forte
investimento numa educação de século XXI focada na inovação e no
empreendedorismo, pilar essencial para a competitividade a nível global. O país
que queremos ser depois de amanhã começa a implementar-se já amanhã, após ter
sido desenhado ainda hoje. Os nossos filhos ficarão gratos se assim todos
pensarmos e actuarmos.
Tenho um sonho! Um dia, Portugal
será um “cais do mundo” na rede da globalização.
Feliz 2014!